Escadas = esporte radical

Escadas = esporte radical
Aprenda a usar e não use o postulado de Bechara como eu

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pedreiros

Na minha vida já construí, comprei casas, reformei e pude conviver com este modelo de profissional. Vou expressar a minha opinião e declarar os nomes sem nenhum pudor, pois aqui é a pura expressão da verdade e sempre pensei que não podemos omitir os maus profissionais. Assim como devemos declarar os bons devemos também declarar os enganadores.
Dos 20 aos 22 anos construí minha primeira casa ainda quando morava em MG. Naquela época fazia faculdade e trabalha em outra cidade e assim só podia fiscalizar minha obra aos sábados depois da faculdade. Tive os seguintes pedreiros:

J.R. - contratado para fazer as fundações até o contrapiso preparado para a alvenaria.
Acertos: nenhum
Erros:
Erro 1: O projeto era o lastro do baldrame com 50cm e finalização com 30cm suficiente para as parede de tijolo inteiro que dariam 25cm. O di cujus fez todo o baldrame com 50cm. Ainda quis alegar que era mais "reforçado". Fiz as contas e mostrei-lhe o volume de concreto jogado fora.
Erro 2: Não fez a impermeabilização do baldrame. No futuro, depois da casa pronta, apareceu uma infiltração na parede do corredor em menos de um ano da casa pronta.
Erro 3: Quando iniciei a alvenaria descobri que o quarto e banheiro da suite estavam fora do esquadro. Tive de fazer malabarismo para acertar.

Bolão - contratado para fazer a alvenaria, cintas e colunas até o ponto de laje.
Acertos:
Acerto 1: Descobriu o quarto e banheiro em forma de losango deixado pelo pedreiro anterior.
Acerto 2: Terminou a casa de 24om2 em 22 dias. Muito rápido.
Acerto 3: As paredes ficaram com acabamento muito bom e no prumo muito certo que dariam reboco de 1cm de cima a baixo.
Erros: Não vi nenhum.

Desconhecido - não me lembro do nome - contratado para fazer a armação da laje e escoramentos.
Acertos:
Acerto 1: Tudo ficou conforme projeto
Erros que eu cometi:
Erro 1: Não me preocupei com o uso de impermeabilizantes. Deveria ter usado
Erro 2: Resolvi fazer a laje no sistema de mutirão. Convoquei um bando e servi aquele almoço de peão(pão com chapisco, mocotó, cachaça). Analisando a qualidade do serviço executado, economia gerada e incômodos gerados concluo que é mais inteligente usar o concreto usinado. O uso de concreto usinado garante os valores de Fck previstos no projeto, uniformidade e minimiza o risco de pessoas estranhas transitando na obra.
Bolão - contratado para fazer o reboco e colocar esquadrias.
Acertos:
Acerto 1: Terminou tudo dentro do prazo programado.
Acerto 2: Resolvi trocar o vitrô da suite por duas janelas em estilo igreja. Ao final do dia verifiquei que a nova esquadria já estava no lugar, os tijolos recolhidos separados por tijolo inteiro, meio tijolo e quarto de tijolo, entulho recolhido para reaproveitamento e tudo limpo e lavado.
Erros dele: Não vi nenhum.
Erros que eu cometi:
Erro 1: Não me preocupei com o uso de impermeabilizantes. Deveria ter usado impermeabilizantes nas áreas úmidas.
Erro 2: Comprei as esquadrias na Serrraria São José - Gino e pensando que todo mundo é honesto como eu, paguei e não recebi na data combinada. Levei um ano para receber todas as esquadrias e só consegui porque tomei uma atitude radical. Aprendizado: nunca pague adiantado. Sempre vincule a maior parte do pagamento com a entrega, aprovação dos produtos conforme o comprado.

Cosme - contratado para fazer a colocação de pisos, azulejos e tacos nos assoalhos.
Acertos:
Acerto 1: Executou o serviço com qualidade.
Erros dele: Demorou mais tempo que o programado.

Valter - contratado para fazer a colocação de pisos na área externa.
Acertos:
Acerto 1: Executou o serviço com qualidade e no prazo programado.
Erros dele: Não vi nenhum. Apesar dele ser deficiente auditivo não tive nenhum problema em me comunicar com ele. Provou-me que quando o profissional é bom e sabe trabalhar não importam as limitações e que as limitações físicas não impedem ninguém de trabalhar. Parabéns ao Valter. Tem pedreiro que mesmo escutando muito bem não sabe ouvir o que temos para explicar como o José Bispo que é surdo de ignorância.
Erros que eu cometi:
Erro 1: Por preço acabei colocando cacos de ardósia. O resultado final escureceu o ambiente e com certeza é um piso inadequado para uma casa com pessoas idosas e o risco de acidente por escorregamento é muito grande. Deveria ter pensado num piso anti-derrapante.

Em 2008 comprei uma casa em São Paulo após ter decidido voltar para esta cidade. Decidimos fazer uma reforma e novamente tive lidar com o profissional pedreiro. Eis de novo os percalços:
J.da C. B. - contratado para demolir a edícula do fundo, remover os horríveis revestimentos da cozinha, garagem, WC e corredores externos, fazer a escavação para troca da rede de esgoto, fazer alvenarias, reboco.
Erros dele:
Erro 1: Demorou mais tempo que o programado.
Erro 2: Reclamava sempre alegando que o serviço era pesado. Parecia um morto vivo. Se não dá conta por que diz que faz. Parou de reclamar depois que recomendei que ele arranjasse um serviço de piloto de prova de colírio. Assim ele ficaria parado só piscando os olhos. Acho que assim ele não se cansaria.
Erro 3: Mesmo depois de explicar, desenhar e mostrar ele ligou a tubulação de águas pluviais na rede de esgoto. No fim da tarde constatei o erro. Solução: mudar as conexões. Prejuízo? só para mim que gastei mais conexões e ficou uma gambiarra.
Erro 4: Mandei abrir a caixa de inspeção e adivinha? Ele havia furado a caixa do lado errado. Eu mostrei, expliquei e desenhei que a seta que havia na caixa da Tigre indicava o sentido da merda. Ele furou errado. Ele na maior cara de pau disse que se enganou e tapou o furo errado. Tapar? Fica uma porcaria, pois pode dar infiltração no terreno e eu sempre vou me lembra deste erro.
Erro 5: Quando o acéfalo foi mudar a parede do lavabo para fazer um jardim ele demoliu o lastro de concreto do baldrame. Chovia muito naqueles dias e houve recalque que provocou trinca nas paredes. Vai ser tapado assim lá na china comunista. Baldrame se reforça e nunca se fragiliza.
Erros que eu cometi:
Erro 1: Deveria ter feito o orçamento com um demolidor que compra material usado. Talvez tivesse sido mais barato e rápido.
Erro 2: Deveria ter previsto em contrato a multa por atraso da tarefa.
Erro 3: Deveria ter feito uma sociedade com ele: ele entrava com a bunda e eu com o pé.
Erro 4: Sem fiscalização e chicote essa raça de pedreiro não funciona.
Resumo da tragédia:
Como ele não demonstrava que sabia rebocar ele arranjou um pedreiro para rebocar paredes. Esse novo pedreiro começou bem e até acreditei que poderia ser melhor. Como o serviço do
J.da C. B.
não rendia resolvi mandá-lo passear. Ficaram 12 dias que ele me devia. Eu disse que ele deveria vir todo sábado e me pagar estes dias. E não é que o cara de pau perguntou se eu não poderia perdoar os dias? Disse-lhe que poderia, afinal eu não sou um duro de coração, mas teria uma condição: para cada dia devido eu daria um sopapo na fuça dele e que ele deveria aguentar firme. Não sei por que ele não aceitou. Será por quê? Ele pagou esses dias no padrão pedreiro: com choradeira

O. - o banguelo que tem a esposa açucarada - contratado para finalizar os rebocos, revestimento do WC da suite 1 , alvenaria da edícula, colocar piso na garagem.
Erros dele:
Erro 1: Depois de 3 meses a validade acabou e começou a enrolar.
Erro 2: Caimento da cozinha ficou para o lado errado.
Erro 3:
Caimento do lavabo ficou para o lado errado.
Erro 4:
Caimento do wc da suite 1 ficou para o lado errado.
Erro 5: Cerâmica da parede ficaram 4 peças com diferença de tonalidade.
Erro 6: Pastilhas de vidro ficaram uma merda.
Erro 7: Alinhamento da válvula de descarga ficou 4 cm fora do eixo
Erros que eu cometi:
Erro 1:
Erro 2: Deveria ter previsto em contrato a multa por atraso da tarefa.
Erro 3: Deveria ter feito uma sociedade com ele: ele entrava com a bunda e eu com o pé.
Erro 4: Sem fiscalização e chicote essa raça de pedreiro não funciona.

Linha do tempo - Dia 1

Dia 1 - 25/01/10 - Data fatídica

09h30min - Era meu primeiro dia de férias, após oito anos sem férias e planejando aproveitar o tempo para finalizar a reforma da casa que insistia em avacalhar meu cronograma.

Depois de tentar contato com o pedreiro, Sr Odair Banguelo, constatei o óbvio: pedreiro não cumpre palavra. Resolvi então eu mesmo fazer serviço de pedreiro para colocar o vidro na cobertura e assim evitar que as paredes ficassem ainda mais úmidas devido às chuvas.

Posicionei as escadas, subi até a laje dos novos banheiros, limpei e me posicionei para descer e buscar a massa para o contra-piso. Quando desci uns dois degraus tive um pressentimento que a escada não estava firme, subi novamente e posicionei novamente a escada. Pensei que estava firme. Desci novamente e só pude sentir meu corpo girar e esborrachei caindo de lado. Não senti dor, só suava frio. Resolvi virar e ficar com a coluna apoiada sem nem pensar em tentar levantar. Quando virei senti que algo estava deslocado no quadril. Pareceu que uma perna ia sair correndo na frente da outra, fez um estalo e literalmente a alma quase saiu do corpo. Acho que dor tem cor de luz piscando. Depois que a alma voltou apalpei meu pescoço, mexi os pés e conclui que pelo menos eu não estava aleijado. Meu pé esquerdo tinha virado uma jaca, sem fratura exposta, mas estava todo estropiado.

Lembro-me que os bombeiros chegaram muito rápido. Lembro de alguns nomes como Rogério, Valsur, Eduardo, mas eram mais. Pude presenciar, da pior forma como protagonista, o domínio da técnica que lhes permite imobilizar, remover e praticar primeiro atendimento com segurança. Até hoje é o único momento que sinto meus impostos serem devidamente empregados e com certeza se todo órgão público trabalhasse com a eficiência, eficácia, exatidão, rapidez e vontade dos bombeiros nós viveríamos num país onde os impostos seriam justificados e seríamos o povo mais feliz do planeta.

09h45min - No pronto socorro do hospital São Camilo dizem que me sedaram com algo tipo morfina e dizem que fiquei meio zureta e não parava de falar que precisava trabalhar. Na verdade precisava mesmo, não podia parar naquele momento tinha muita coisa para fazer, para terminar e nem me passava pela cabeça dar uma brecada tão radical. Lembro-me que o médico disse que era para eu me dar por satisfeito por estar vivo depois de um estrago como aquele. Mediam minha pressão periodicamente que oscilava muito, mas a pulsação estava estável e havia suspeita de hemorragia que é comum neste tipo de fratura.

Acho que o médico pensou que eu era pedreiro a julgar pelo que eu estava trajando.

10h30min – Fui para o raio X e mudar de maca foi um suplício. Havia diferença de altura entre as macas e quando movimentei o quadril de uma maca para outra percebia nitidamente que o osso se mexia. Confirmou-se o calcâneo quebrado e deslocado, o quadril com disjunção de sínfise púbica de 2,5cm.

14h30min – Fui para a ressonância e novamente a tortura de mudar de maca. Confirmaram que não havia hemorragia, mas descobriram mais uma fratura no osso sacro. Não tinha jeito tinha de operar o calcâneo. Internação com certeza.

Perdi a conta de quantas vezes tentaram pegar minha veia. Os braços ficaram todos furados e com hematomas.

16h00min - Colocaram um gesso no pé esquerdo para conter o inchaço. Acho que colocaram brasa dentro, pois queimava como fogo no calcanhar. Não suportava a queimação. Tive de pedir para afrouxar o gesso. Queria comer pão de queijo com café com leite, mas não me deram. Meu copo de leite das seis da manhã já tinha sido consumido.

19h00min – Fui para o quarto e tentei relaxar, mas era impossível.