Escadas = esporte radical

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Aprenda a usar e não use o postulado de Bechara como eu

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Linha do tempo - Dia 1

Dia 1 - 25/01/10 - Data fatídica

09h30min - Era meu primeiro dia de férias, após oito anos sem férias e planejando aproveitar o tempo para finalizar a reforma da casa que insistia em avacalhar meu cronograma.

Depois de tentar contato com o pedreiro, Sr Odair Banguelo, constatei o óbvio: pedreiro não cumpre palavra. Resolvi então eu mesmo fazer serviço de pedreiro para colocar o vidro na cobertura e assim evitar que as paredes ficassem ainda mais úmidas devido às chuvas.

Posicionei as escadas, subi até a laje dos novos banheiros, limpei e me posicionei para descer e buscar a massa para o contra-piso. Quando desci uns dois degraus tive um pressentimento que a escada não estava firme, subi novamente e posicionei novamente a escada. Pensei que estava firme. Desci novamente e só pude sentir meu corpo girar e esborrachei caindo de lado. Não senti dor, só suava frio. Resolvi virar e ficar com a coluna apoiada sem nem pensar em tentar levantar. Quando virei senti que algo estava deslocado no quadril. Pareceu que uma perna ia sair correndo na frente da outra, fez um estalo e literalmente a alma quase saiu do corpo. Acho que dor tem cor de luz piscando. Depois que a alma voltou apalpei meu pescoço, mexi os pés e conclui que pelo menos eu não estava aleijado. Meu pé esquerdo tinha virado uma jaca, sem fratura exposta, mas estava todo estropiado.

Lembro-me que os bombeiros chegaram muito rápido. Lembro de alguns nomes como Rogério, Valsur, Eduardo, mas eram mais. Pude presenciar, da pior forma como protagonista, o domínio da técnica que lhes permite imobilizar, remover e praticar primeiro atendimento com segurança. Até hoje é o único momento que sinto meus impostos serem devidamente empregados e com certeza se todo órgão público trabalhasse com a eficiência, eficácia, exatidão, rapidez e vontade dos bombeiros nós viveríamos num país onde os impostos seriam justificados e seríamos o povo mais feliz do planeta.

09h45min - No pronto socorro do hospital São Camilo dizem que me sedaram com algo tipo morfina e dizem que fiquei meio zureta e não parava de falar que precisava trabalhar. Na verdade precisava mesmo, não podia parar naquele momento tinha muita coisa para fazer, para terminar e nem me passava pela cabeça dar uma brecada tão radical. Lembro-me que o médico disse que era para eu me dar por satisfeito por estar vivo depois de um estrago como aquele. Mediam minha pressão periodicamente que oscilava muito, mas a pulsação estava estável e havia suspeita de hemorragia que é comum neste tipo de fratura.

Acho que o médico pensou que eu era pedreiro a julgar pelo que eu estava trajando.

10h30min – Fui para o raio X e mudar de maca foi um suplício. Havia diferença de altura entre as macas e quando movimentei o quadril de uma maca para outra percebia nitidamente que o osso se mexia. Confirmou-se o calcâneo quebrado e deslocado, o quadril com disjunção de sínfise púbica de 2,5cm.

14h30min – Fui para a ressonância e novamente a tortura de mudar de maca. Confirmaram que não havia hemorragia, mas descobriram mais uma fratura no osso sacro. Não tinha jeito tinha de operar o calcâneo. Internação com certeza.

Perdi a conta de quantas vezes tentaram pegar minha veia. Os braços ficaram todos furados e com hematomas.

16h00min - Colocaram um gesso no pé esquerdo para conter o inchaço. Acho que colocaram brasa dentro, pois queimava como fogo no calcanhar. Não suportava a queimação. Tive de pedir para afrouxar o gesso. Queria comer pão de queijo com café com leite, mas não me deram. Meu copo de leite das seis da manhã já tinha sido consumido.

19h00min – Fui para o quarto e tentei relaxar, mas era impossível.

Um comentário:

  1. Oi Jair, acompanho o blog de sua esposa Amabilie e cá estou para prestigiar o seu. E pude constatar que vc tem o mesmo bom humor e inteligência de sua esposa. Descrevendo o que vc passou de uma maneira tão leve e diria até hilária (me desculpe, mas eu cheguei a rir..) Bom, comecei do início por curiosidade de saber como o blog começou, agora acho que vou ler todas as postagens, pois adorei sua maneira de escreve, xi, lá se foi minha hora de almoço... he he . Um grande abraço e melhoras para você, nós da blogosfera torcemos muito por sua recuperação.

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