Escadas = esporte radical

Escadas = esporte radical
Aprenda a usar e não use o postulado de Bechara como eu

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Aos amigos

Nesta fase com mobilidade reduzida os amigos se manifestaram e realmente quem tem amigos se fortalece.
O Sílvio me ligou do outro lado do mundo. Este já é irmão e não mais amigo. Com certeza com ele nunca vamos querer jogar futebol ou falar sobre. Não entendemos nada e somos uma aberração futebolística.

Meus amigos mineiros perdidos em Blumenau Wanderson e Regina me ligaram e estamos falando via msn. Estes são aqueles que valem a pena um dedo de prosa com café com broa de fubá nas montanhas de Minas Gerais.

O Miguel, adotei como filho, foi me visitar no hospital.

O Cláudio Sakata também esteve por lá e demos boas risadas.

O Sidney me ligou de Blumenau.

O Antônio, a Vera e a Lais foram os primeiros a me visitar no hospital.

O pessoal do Barranco Alto em especial a mãe do Antonio Sra. Natalina fizeram uma novena para minha recuperação.

Minha tia Marli veio aqui no dia 13/02 com o Alício(tio), Flamarion(primo) e a Lívia(filha do primo Pablo) me visitar. Saíram de Paulínia sem medir esforços. Essa tia não existe.

Minhas tias de Minas, a Valdete, Maria José e o Ricardinho rezaram por mim.

Meu primo Antonio Del Vecchio ligou.

Minha prima Márcia ligou e estamos juntos na pindura. Ela está com o joelho estropiado e também está de repouso.

O amigo Luiz Carlos ligou e como sempre é o atencioso amigo. Nos formamos juntos na UFSJ.

Quando me recuperar tenho de dar um abraço em cada um deles.

No meu retorno dia 15/02 quando tirei os pontos e no dia 01/03 quando retornei ao ortopedista a fisioterapeuta Célia atravessou a cidade para me acompanhar e me orientar sobre minhas limitações e exercícios. Obrigado Célia.

A cunhada Fernanda que é enfermeira também esteve por aqui. Estive muito bem assessorado.

Como dar ordens para um pedreiro

Depois de algumas experiências inglórias com a sub-raça aprendi algumas coisas:
  1. Pedreiro tem deficiência auditiva. Nunca pense que a mensagem que você passou, por mais didática e à prova de burro que seja, seja entendida por ele. É mais fácil ensinar a um camelo andar de bicicleta do que um pedreiro entender e executar uma ordem exatamente conforme dada. Até pensei que entraria numa orelha e sairia pela outra, mas isso não é possível, pois o som não se propaga no vácuo.
  2. Para definir um caimento, ou seja, para onde a água deve correr é uma ordem muito simples. Você deve mostrar o ralo que é para onde a água deve escorrer e dali ela cai para o esgoto. Peça para ele visualizar a posição. Confirmando-se que ele viu, sentiu e parecendo ter compreendido(eles fazem cara de compreensão, mas a cara na realidade é QI de ameba em coma); você então mostra o outro lado. Como ele sempre vai errar, então ele vai tentar fazer o caimento para o lado oposto e ficará errado. Ficando errado cairá para o lado que você deseja que é o lado certo. Não adianta insistir, 99,9% de chance de errarem o básico.
  3. Não adianta desenhar. Eles sempre terão um desculpa das mais deslavadas para qualquer erro que cometam.

Será que ainda acreditam que se pode viver na ignorância - papo de dois manos no bumba

Sempre procuro observar os seres viventes transeuntes tentando identificar se a humanidade caminha, mesmo que lentamente, para uma evolução. Pelo menos poderíamos ficar como estávamos dez anos atrás e não regredir.
Escrevi sobre a docência e minha esposa ouviu uma conversa no ônibus que qualquer docente ficaria arrepiado e os já falecidos tremem nas catacumbas.
Mano 1: E aí viu o tal adenberg que está solto.
Mano 2: Da hora
Mano 3: Da hora
Mano 1: E terromoto naquele Chile.
Mano 2: Disseram que tem onda. Será que é pra lá ou prá cá?
Mano 3: Da hora
Mano 1: Nun sei mano, num sei onde fica esse tal de Chile.
Mano 1: O oceano Atlântico é mais usado porque é um corredor. O oceano Indigo molha a tal da Sibéria.
Mano 2: O Indigo não é aquele que fica no meinho?
Mano 3: Só

Com um papo desses será que dá para acreditar que a civilização está evoluindo?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Linha do tempo - Dia 29

Dia 29 - 22/02/10
Pude sentar na cadeia higiênica e validar a teoria da gravitação universal. Algo que estava orbitando em mim foi atraído pela massa da comadre que orbitava embaixo. Que facilidade e como é bom ser quase uma pessoa normal.

Tomei um banho de regador, quase um banho normal no meu chuveiro gigante.

Linha do tempo - Dia 22

Dia 22 - 15/02/10
Voltei ao hospital para tirar os pontos. Aproveitaram e fizeram um corte no gesso aliviando a compressão e o gesso virou apenas duas talas de imobilização.
Encontrei por acaso com o médico que me operou e ele disse que tirar os pinos é simples: eu tranco os dentes e ele puxa. Deve usar com um alicate.
Triste é que só liberou para eu usar a cadeira higiênica no dia 22/02 = mais uma semana.

Tenho de retornar dia 01/03. Espero que neste dia ele arranque os pinos e coloque a bota possa me liberar para ficar mais sentado e poder ficar pé.

Linha do tempo - Dia 15

Dia 15 - 08/02/10
Dia da alta.
A Amábile e a Roberto fizeram uma operação de guerra. Transformaram a sala num hospital de guerra.

Passei pela sala de gesso para trocarem por uma bota nova, visto que a que colocaram após a cirurgia já estava folgada. Meu pé tinha desinchado um monte.

Quando o médico abriu o gesso pude ver os três pinos saindo para fora do calcanhar. Parecia que tinha sobra peça na reforma. Só não sabia como seriam retirados. O pé estava uma cena de filme de terror. O pé do Frankstein com certeza era mais bonito. O meu estava roxo, enrugado, manchado de medicamento, com fiapos de algodão, gase nos pinos e uma ferragem exposta. Era a visão de filme de terror.

Tive de vir de ambulância para casa. Em casa foi a operação de logística. Por sorte troquei a janela da cozinha por uma grande porta de correr. Senti só o gostinho do curto passeio e em casa fui para a cama de novo. Mudou só ambiente, pois em casa é bem melhor que no hospital e sem falar na comida da mama.

Linha do tempo - Dia 13

Dia 13 - 06/02/10

Rotina de paciência: remédios na veia, banho de leito, traseiro com formigamento de tanto ficar amassado numa posição só.

Coloquei a degradante fralda geriátrica e iniciei a batalha de fazer o 2. Que falta fez a força da gravidade. Tudo fica mais difícil.

Linha do tempo - Dia 12

Dia 12 - 05/02/10

Rotina de paciência: remédios na veia, banho de leito, traseiro com formigamento de tanto ficar amassado numa posição só.

Ainda sem fazer o 2. Tomando a graxa de ameixa, remédio, Actvia, semente de linhaça.

Linha do tempo - Dia 14

Dia 14 - 07/02/10
Rotina de paciência: remédios na veia, banho de leito, traseiro com formigamento de tanto ficar amassado numa posição só.

Na madrugada perdi o sono e acabei vendo o programa Cardápios ao redor do mundo. Foi uma provação. Acabei vendo um prato mexicano feito de feijão com carne de porco, bem parecido com o feijão que minha vó materna fazia no fogão a lenha e de quebra um frango como molho de chocolate que me lembra frango ao molho pardo. Quem disse que eu conseguiria dormir depois daquilo.

No almoço, imaginem, nada parecido. Veio o manjar e eu tive ânsia. Não tinha jeito. Sei que existe a dieta e a comida é bem feita, mas meu paladar já rejeitava aquilo. Não deu para comer e por sorte tinha os pães de queijo que minha mãe tinha levado. Acabei almoçando café com pão de queijo. Fiz melhor troca.

No jantar não consegui comer. O jeito foi comer o talharim que minha mãe tinha feito. Escondido é claro. E o manjar do hospital a mãe comeu. O que uma mãe não faz pelo filho.

Linha do tempo - Dia 11

Dia 11 - 04/02/10

Rotina de paciência: remédios na veia, banho de leito, traseiro com formigamento de tanto ficar amassado numa posição só.

Ainda sem fazer o 2. Tomando a graxa de ameixa, remédio, Actvia, semente de linhaça.

Linha do tempo - Dia 10

Dia 10 - 03/02/10

O enfermeiro retirou a sonda. Coisinha esquisita. O camarada esvazia uma bolsa que fica na ponta da sonda dentro da bexiga e puxa aquela mangueira de dentro das suas entranhas. Tem casa coisa. Depois tirou o dreno que também foi puxar um tubinho do meu íntimo. Cada coisa...

O banho foi muito melhor. Como o chassi estava estável ficou mais fácil virar de lado.

Ainda sem fazer o 2. Tomando a graxa de ameixa, remédio, Actvia, semente de linhaça.

Vamos refletir sobre o futuro


Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.

"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"


Passe adiante!
Precisamos começar JÁ!


Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...


Docência: uma carreira desprestigiada

Quando me graduei em engenharia logo me lembrei de mandar um convite para uma pessoa especial: a D. Conceição Rios que foi minha professora de primeiro ano do primário. Afinal, ela segurou a minha mão para me ensinar a escrever e naquele momento eu assinava meu diploma. Ela era responsável por me levar até a faculdade, ou seja, me ensinou os primeiros passos para sair da ignorância humana. Recordo-me de todas as outras professoras, D. Maria José, D. Irene, D. Lourdinha(prima) e depois todos os outros do ginásio e científico. De todas elas creio ter levado uma reprimenda, castigo ou coisa parecida em nome da ordem e do aprendizado. Isto não me causou nenhum trauma e tanto que nem lembro de nada, lembro-me apenas das boas coisas e do que aprendi. Hoje fico muito chateado com a falta de respeito dos alunos e com as aberrações que acontecem. Na verdade? Culpa dos pais que não dão limites. Assim li a reportagem abaixo e acho que vai diminuir mesmo. Quem gosta de trabalhar ser ameaçado, desrespeitado e não poder exercer nenhuma ação.

"Levantamento realizado pela Fundação Victor Civita comprova uma percepção alarmante: a profissão docente não é considerada uma opção atraente pelos estudantes do Ensino Médio. Apenas 2% desejam cursar Pedagogia ou Licenciatura."


Hoje saiu na mídia:

04/03/2010 - 17h02

Professora é atingida por bala perdida na porta de uma escola no Rio de Janeiro.



SP e BA registram violência em escola

Foram 3 casos em 2 dias na rede pública, todos com feridos; em Salvador, aluno atacou professor com faca

Tiago Décimo e Sandro Villar


Será que onde está o respeito ao professor? Gente, vamos educar os protótipos de bandidos que frequentam as escolas! E depois vêm alguns habitantes de Marte dizer que castigo e punição traumatiza. Ora me poupe!

Linha do tempo - Dia 9

Dia 9 - 02/02/10

06h30min - Fui levado para o centro cirúrgico
O anestesista pediu para tirar meu cavanhaque. A enfermeira ficou toda pesarosa. Achei interessante a preocupação dela com minha barba. Ela disse que tem gente que não concorda em ter de fazer a barba. Será possível? O camarada mais preocupado com a barba do que com a saúde?

Por volta de 14h00min acordei da anestesia e vi que tinha tubo pendurado de todo lado. Soro de pote no braço com dois acessos, sonda de um lado e dreno de outro. Pelo menos mudei de maca e senti que o chassi estava mais estável. Coisa esquisita é fazer xixi com sonda. Nunca se sabe quando tem vontade, fica como uma torneira aberta e dá a sensação que está furada a caixa d'água.

Voltei para o quarto e o soro corria aos cântaros.
Segundo o médico não houve necessidade de transfusão de sangue e foi colocada uma pequena placa com seis parafusos. Sendo o corte de 20 cm imagino o tamanho da placa.
Minha preocupação agora é que não vou poder ter parto normal(brincadeira) e quando eu andar de moto vou amassar o tanque pois agora tenho um para-choque de titânio.

Linha do tempo - Dia 8

Dia 8 - 01/02/10
Só medicamento.

Fui tentar fazer o 2.
Vocês não têm idéia o que mudar a ordem natural das coisas. Fazer o 2 deitado numa fralda é horrível. Logo pela manhã coloquei a humilhante fralda geriátrica e tentei organizar o procedimento: seguro a fralda, ou seguro o porta-ovos para não deixá-lo jogado na imundície, levantar o quadril ou sentar literalmente na m..., fazer força e deslocar os ossos ou deixar o curso natural. O que fazer? Abri o compasso na posição de frango assado, me concentrei e fiz força. Senti que tudo que estava lá embaixo parecia querer ser expulso também. A veia do pescoço ficou grossa como meu dedo indicador, o suor descia igual a tampa de marmita. Controlei o limite da força para não desmaiar. Nunca tinha passado por aquilo, parecia que estava colocando o pescoço para fora. Ainda bem que tem as orelhas para segurar. Aliviei que pareceu que um vazio realmente me invadiu e fiquei oco literalmente. Esgotei as energias e o quarto foi tomado por um ar poluído que achei que urubus iriam pousar na janela.
Veio a hora da limpeza e para aumentar meu constrangimento vieram duas enfermeiras. Depender de alguém para estas coisas tão simples e privadas nos leva a refletir que não somos tão independentes e autônomos assim. Como é a insignificância da carne. Somos nada nestas situações.

A partir das 22h00min comecei o jejum para a cirurgia do dia seguinte.

Linha do tempo - Dia 7

Dia 7 - 31/01/10
Só medicamento.

Ainda sem fazer o 2.
A enfermeira me deu um comprimido, me deu uma graxa de ameixa e nada.

Recebi a visita do amigo Cláudio Sakata. O Cláudio começou a trabalhar comigo faz uns dois meses, mas é uma daquelas pessoas que logo se gosta de trabalhar junto, compartilha os objetivos e sempre é um aprendizado. Obrigado Cláudio pela visita e pela amizade.

Linha do tempo - Dia 6

Dia 6 - 30/01/10
Só medicamento.

Ainda sem fazer o 2.
A enfermeira me deu um comprimido, me deu uma graxa de ameixa e nada.
No fim do dia eu pedi ajuda extra e lá veio novamente o supositório de glicerina. Diferente da primeira vez foi traumático visto que a enfermeira não foi tão delicada como da primeira vez. Virei de lado e a enfermeira na operação se descuidou e minha perna saiu do alinhamento e cruzou uma com a outra. Tive de ir na lua buscar a alma de volta. Depois disso lá se foi a vontade. Não sabia o que era mais doloroso: o ás de copas ou os ossos deslocados. Coisa complicada.

Recebi a visita do amigo Miguel e a Lívia. Ele me levou uns livros para ler, Ponto de impacto e Símbolo perdido. O Miguel trabalhou comigo em 2003 e depois fomos pulando de empresa para empresa e hoje estamos na mesma empresa de novo. Miguel é um daqueles meninos que serão presidentes um dia. Já o adotei como filho. Obrigado Miguel pela visita e pela amizade.

Tentei ler o livro, mas o desconforto era tão grande que eu não conseguia me concentrar.

O que eu fiz nestes dias de recuperação

Desde o acidente algumas coisas eu fiz e outras eu refleti.
Coisas que eu fiz:
  1. Agradeci a Deus por estar vivo e que nada de mais grave aconteceu.
  2. Procurei rezar sempre.
  3. Percebi o quanto ainda tenho de fazer pelos pequenos. A Giovana me viu caido e me lembro dos olhinhos dela chorando. Percebi a preocupação do Ricardo e da Giovana quando me visitavam no hospital.
  4. Agradeci sempre aos enfermeiros e médicos.
  5. Procurei ter paciência.
  6. Entendi que não consigo carregar o mundo sozinho.
  7. Valorizei simples coisas como um bom banho, uma boa noite de sono podendo se mexer e esparramar numa cama.
  8. Senti o calor dos amigos que me ligaram dos mais diversos cantos.
  9. Tentei explicar ao Ricardo que me questionava por que tinha acontecido aquilo comigo.
Coisas que eu refleti:
  1. Sobre o quanto ficou preocupada a Amábile. Acho que ela ficou preocupada que eu fosse abotoar o paletó, esticar as canelas, partir desta para melhor, vestir o paletó de madeira. Acho que eu sou importante para ela.
  2. Senti o quanto ainda tenho para fazer pelos meus pequenos. O Ricardo e a Giovana expressando sua preocupação de forma singular e sempre querendo ajudar.
  3. Que devo acreditar mais nas minhas intuições. Pressenti a escada traiçoeira e ignorei.
  4. Observei a profissão de enfermeiro e médicos. Estes são profissionais que têm um valor diferenciado. Eles não constroem casas, não projetam máquinas, bens de capital ou ativos para uma empresa. Todos os bens materiais são facilmente depreciados, reconstruidos, descartados e esquecidos. Eles lidam com algo que é intangível e só se tem a exata noção quando está em falta: a saúde. E a saúde te permite fazer tudo o que é material. Eles reconstroem a sua saúde e o seu bem estar. Eu como engenheiro cheguei até a sentir minha profissão inferiorizada, pois o que o enfermeiro e médico resgatam este bem maior. Deus proteja os médicos e enfermeiros que me atenderam.
  5. Podemos economizar água no banho diário. Depois que pude usar a cadeira higiência eu tomei um banho saudável com apenas um regador de água que deve ter no máximo uns 12 litros.
  6. Mesmo fazendo a reforma da casa e abrindo vão maiores a acessibilidade ainda é precária. A prefeitura de São Paulo tem um trabalho muito bem feito que gerou um documento sobre o tema. Se não me engano é a cartilha de acessibilidade. Lá existem padrões para as mais diversas edificações que podem ser perfeitamente usados com referência para nossas residências. A população brasileira está envelhecendo e nossas moradias não estão adequadas. Hoje vejo a necessidade desta preocupação na compra de um imóvel.
  7. Em 25/02 recebi o telefonema do meu irmão informando que o tio José Del Vecchio tinha falecido. Eu tinha prometido de ir vê-lo tão logo me recuperasse e não deu tempo. Mais vez a prova de que não podemos esperar para visitar aqueles que gostamos, abraçar aqueles que nos fazem falta. Não há justificativa para adiar um abraço. Tudo se recupera, menos o tempo perdido. Deus cuide do tio Zé. Rezarei por ele.

Podemos mudar hábitos

Meu querido avô Ricardo era uma pessoa sábia e homem de vanguarda. Quando menino sempre ouvia seus ensinamentos e ele sempre dizia que podíamos tomar banho com um regador, ou seja, uma lata de 18 litros e isto bastaria. Na casa dele havia fogão a lenha com serpentina que esquentava uma caixa com 80 litros de água para dez pessoas tomarem banho. E isso era suficiente.
Hoje depois de tomar banho de leito e agora a partir do dia 22/02 quando passei a tomar banho usando o regador do jardim lembrei-me do meu avô. O regador é suficiente para meu banho. Molho-me, ensaboô-me e enxaguô-me sem faltar nada. Meu avô sempre esteve certo. Hoje desperdiçamos água. Podemos mudar os hábitos!

Outra coisa que sempre me lembro da casa do meu avô era a quantidade de lixo que se gerava. Na casa dele, o saquinho de papel do armazém virava embalagem para as cestas básica da conferência de São Vicente de Paula. Os resíduos orgânicos viravam compostagem. Os vidros iam para o latão e vendidos no ferro velho. Não existia plástico e nem sacolas de plástico.

Empresa galesa faz casa com 18 toneladas de plástico reciclado. Veja a reportagem completa em http://casaeimoveis.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2010/02/24/empresa-galesa-faz-casa-com-18-toneladas-de-plastico-reciclado.jhtm

Linha do tempo - Dia 5

Dia 5 - 29/01/10
Só medicamento.

Ainda sem fazer o 2.
A enfermeira me deu um comprimido, me deu uma graxa de ameixa e nada.

O sono da noite não era repousante. Tinha de ligar o ar condicionado em 20C. O lado A esfriava, mas o lado B queimava e não havia o que fazer.

A comida do hospital começou a ficar nauseante. Pedi para trocar pela sopa que ontem pareceu mais saborosa.

Não conseguia me concentrar, ler ou ficar em um canal de TV por mais de cinco minutos. Os neurônios não funcionavam bem.

Linha do tempo - Dia 4

Dia 4 - 28/01/10
Só medicamento.
Trocar o acesso na veia e o enfermeiro acertou de primeira depois que minha cunhada Roberta tocou o terror no cara. Se fosse preciso ela pegaria a veia porque no PS tinha feito uma carnificina comigo. Por isso é bom ter uma cunhada que gosta de mim, é advogada e ainda por cima é técnica de enfermagem. Me senti até protegido. Valeu Roberta.

Depois do médico que queria me mandar para casa, recebi a visita do médico chefe. Ele disse que qualquer dúvida era para que as enfermeiras falassem com ele e que ele sabia de tudo. Nada de esforço e que eu ficasse calmo por três meses. Acho que o médico estagiário tomou um carcada. Cada uma, tem songo mongo em todo lugar.

Ainda sem fazer o 2. Comecei a ficar preocupado pois eu sou produtivo neste quesito. Faço todo dia.
A enfermeira me deu um comprimido, me deu uma graxa de ameixa e nada.
Neste dia a enfermeira me aplicou um supositório. Simpático não? Todo quebrado e ainda enfezado, literalmente. A experiência não foi traumática, mas não teve efeito algum. Acho que a ausência de gravidade para o caso e o terror de pensar em fazer na fralda era algo que travava tudo. Não dava para usar a comadre, pois eu não podia apoiar o quadril. Aliás pouco ético este nome não é? Imagina eu dizer: fiz o 2 na comadre. Deveriam arranjar outro nome técnico. Essa coisa de fazer o 2 na comadre e o 1 no compadre deve ter sido dado por alguém que odiava a comadre e o compadre. Não é o meu caso.

Linha do tempo - Dia 3

Dia 3 - 27/01/10
O dia parece uma eternidade. Ficar na mesma posição é de lascar.

Hoje tive a visita de um médico diferente. Acho que era estagiário, pelo menos não deve ter lido meu prontuário ou estava mais perdido que cego em tiroteio. Ele chegou de manhã e perguntou: pronto para ir para casa? Eu disse, só preciso saber o que o senhor vai fazer com o meu quadril aberto. Não sei por que ele saiu, sumiu e nunca mais o vi.

Virar de lado ainda é como ficar na barreira de frente para o atacante sem proteger as partes pudentas e sem saber onde ele vai chutar. Vou virando de lado e sentindo o osso balançar de um lado para outro. Parece andar de bicicleta naquelas bicicleta com o quadro que articulo no meio, a roda da frente vai para a esquerda e a roda de trás vai para a direita. Eta coisa ruim.

O apetite já era. Não sei se era tanto medicamento ou falta de vontade de me mexer e doer muito.

Ainda sem fazer o 2.

Sinto saudade de dormir de lado e poder me mexer na minha cama gigante. A parte sentante já tem formigamento e os músculos repuxam. Falta posição confortável e dormir fica difícil.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Linha do tempo - Dia 2

Dia 2 - 26/01/10

04h00min – Consegui pegar no sono. Pior é que no sono acabei sonhando que estava sonhando que estava caindo e movimentei a perna. Adivinhei o que aconteceu? A alma saiu do corpo e eu dei um urro. A Amábile deve ter segurado no teto. A enfermeira veio ver o que tinha acontecido.

06h30min - Fui para sala de cirurgia. Lá o anestesista queria fazer uma rac. Tive de explicar que não tinha estabilidade de quadril. Depois tive de preencher uns formulários aceitando os riscos, etc. Eu não estava em condições de refutar. Estava na sala de preparação, com o chassi avariado e sem outra alternativa. Não tinha escolha, era aceitar ou aceitar.

14h30min - Voltei para o quarto. Percebi que meu pé estava estável e não queimava como antes. O quadril ainda estava parecendo um caminhão com o chassi torto parecendo que a roda de trás queria passar na frente. Era estranho.

20h00min - Minha primeira experiência em tomar um banho de leito. Foi um jogo de paciência. Me virar de lado representava alinhar as pernas, virar em bloco e torcer para que a abertura do quadril não se movimentasse nem um pouco. Qualquer movimento fazia a alma pular fora do corpo e apagar as luzes do mundo. Acho que dor tem cor de apagão e gosto amargo. Se eu não fosse tão acostumado com um bom banho pelo menos uma vez por dia eu iria enforcar o banho com certeza. Fato é, os enfermeiros foram muito atenciosos.

Comecei a maratona de medicamentos. Tramal para dor, outro para o estômago, outro para evitar trombose venosa e tudo no soro.

Ainda sem conseguir jogar um político para fora = fazer 2.

Hoje recebi o telefonema do amigo-irmão Sílvio lá do outro lado do mundo. Ele leu algo talvez no blog da Amábile e me ligou. Foi reconfortante receber o telefonema. Valeu Sílvio.

Consulte sempre um engenheiro

"Bilham, da Universidade do Colorado, estima que um engenheiro está envolvido em apenas 3% das construções erguidas ao redor do mundo."

Todos se esquecem que a auto-construção é um risco desnecessário. Se a casa apresentar trincas, fissuras, recalques ou qualquer outro vício a quem você irá recorrer? Ir atrás do pedreiro? Tolinhos! Esta raça nunca se responsabiliza por nada, podem se mudar como morcegos mudam de caverna, escorregam como bagres ensaboados.
O mínimo que a auto-construção pode resultar é o gasto excessivo de material e o colapso da construção é risco real.
Se vocês quiserem continuar acreditando no pedreiro que se diz entendedor de tudo, quando eles disserem para usar tal ferragem e tal estribo perguntem qual é a carga que tal estrutura suporta. Vocês não terão resposta.
Coisas simples são suprimidas. Os pedreiros, 99%, não se preocupam com o recobrimento mínimo das ferragens de colunas, vigas ou lages. Existe a boa prática para isso e frequentemente vemos ferragens expostas em peças de concreto estrutural. O que significa isto? A estrutura de concreto não é garantida e pode não suportar os esforços da edificação.
A norma de estruturas 6118 determina quanto deve ser o cobrimento mínimo das amaduras. A camada de concreto aumenta conforme a agressividade do local. Por exemplo, uma obra à beira-mar ou exposta a produtos químicos, como um armazém,tem mais risco de corrosão do que outra construída numa área rural.
Vocês sabem que o teor de água no concreto determina a sua resistência? Lembrem-se do que pedreiro mais gosta de fazer: colocar água no concreto até ficar um mingau. Para eles é uma beleza para colocar a massa nas formas, tudo escorre e pouco esforço é feito. Para as exigências estruturais é uma porcaria. O concreto deixa de ser concreto estrutural para ser concreto magro.

Na hidráulica, quantos de nós não nos deparamos com um pedreiro que quer reinventar os produtos da Tigre. A Tigre e Amanco tem toda uma linha de produtos com a mais variada gama de conexões e por vezes vemos os ditos entendidos aquecerem o tubo de PVC no fogo(normalmente num chumaço de papel queimando) e fazerem uma luva mirabolante. Vazamento? No futuro ele não estará mais na sua obra e você fica com o mico.

Na área elétrica não é diferente. Quantos pedreiros sabem de tudo, fazem alvenaria, hidráulica, elétrica, pintura. Acho que fazem cirurgias também.
Não é raro encontrarmos casas onde não houve nenhuma preocupação em atender aos requisitos da NBR5410. A norma determina o uso de DR e DPS. Vocês já ouviram falar disto? Pergunte ao seu pseudo sabe-tudo. Garanto que ele achará que é algo do outro mundo. Quem quiser mais detalhes eu explico o que é cada um destes dispositivos.

Reflitam: vale a pena correr o risco?
O assunto é sério e o conhecimento só se adquire colocando a bunda na cadeira da faculdade e cansando o pulso de tanto fazer cálculos.

Como avaliar riscos e benefícios antes de adquirir imóvel em construção? Veja a reportagem completa em http://casaeimoveis.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/02/19/como-avaliar-riscos-e-beneficios-antes-de-adquirir-imovel-em-construcao.jhtm


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Dicas para construir uma casa com sucesso

Estas são apenas algumas observações, mas não esgoto o assunto. Quem quiser gerenciar uma obra com metodologia mais adequada nos moldes do PMI leia http://www.douglas-braga.com/2009/06/planejando-um-projeto-passo-passo.html.

1 - Analisar o investimento:
A casa desejada é compatível com o local que tem para construir? Ou seja, a tão sonhada casa ao final da obra terá liquidez e preço de venda merecido. Às vezes é melhor construir uma casa menor num local melhor e ao final a casa terá maior valorização. Sempre pense que imóvel é patrimônio e você pode precisar vender o imóvel e se surpreender com o valor de mercado. Aprendi isto quando construí minha primeira casa. Construí a casa desejada(240m2) no local onde cresci e gostava, mas quando precisei vender a região não pagava o que a casa valia. Descobri que construí uma casa com padrão muito superior ao da região.
2 - Planejar cada etapa da obra:
Não é difícil. Basta imaginar a construção e listar cada etapa e calcular os custos. Lembra de considerar os períodos de chuva que atrapalham todos os serviços externos e for empreitada o pedreiro vai te enrolar e for por dia trabalhado você vai pagar por dias improdutivos. Pesquisa, estuda, busca informação. Usa a internet em seu favor. Você encontra tanto lixo na internet e pode garimpar informação boa também.
Lembra de analisar as cotas do terreno. Nunca construa uma casa no mesmo nível da rua. Lembra que a rua pode ser asfaltada, recapeada e a cada obra da prefeitura a rua pode subir e sua casa ficar enterrada e a enxurrada invadir sua casa. Construa a casa no nível pelo menos 50cm acima do nível da rua.
3 - Nunca se esqueça que água encontra caminhos e pode aparecer umidade em locais indesejados. Umidade gera bolor, bolor gera alergia, alergia causa desconforto. Faça um estudo dos impermeabilizantes que serão necessários para uma obra sem umidade.
4 - Ao contratar a sub-raça que são os pedreiros. Até agora considero sub-raça pois não encontrei explicação para o comportamento dessa raça. Não tem palavra, não cumprem o combinado, não sabem trabalhar sem supervisão, a surpresa que eles dão é sempre desagradável, você confia e eles te roubam, enfim para mim não são dignos de confiança. Se existir algum que tenha carater que venha me provar o contrário. Vai algumas dicas:
  1. Exija sempre a documentação e faça pesquisa de antecedentes. Tem muito ladrão solto por aí.
  2. Essa raça tem prazo de validade de 3 meses. Depois disso caem na enrolação.
  3. Nunca pense que ele entendeu o que você disse e fará conforme deseja. Creio que para uma ordem dada existe 99% dele fazer exatamente ao contrário.
  4. Controle os materiais e ferramentas. Desvios, roubos e desperdícios de material e ferramental é o que mais gostam de fazer.
  5. Nunca pague adiantado. Faça contrato onde o pagamento será somente após o término e efetiva aprovação dos serviços.
  6. Se começar a enrolar não hesite em demitir sumariamente. Não tenha dó e nem piedade se eles alegarem que a vó precisa trocar a dentadura, que o filho precisa trocar a muleta, que a mulher é diabética ou qualquer outra desgraça humana possível. Eles têm um vasto repertório de desculpas, churumelas, reclamações e desculpas.
  7. Não sirva almoço, café ou qualquer outro agrado. Eles não sabem retribuir tal agrado. Mantenha uma distância fria e saudável o bastante para que eles não comecem a te contar as desgraças suburbanas até você querer conhecer a família ou chamar para um almoço em família. Não se envolva, eles não são da sua família e não compartilham dos mesmos objetivos que você. Um pedreiro pode ser digno de confiança depois de umas dez obras com sucesso. Antes disso ele é um estranho.
  8. Por Arq. Iberê M. Campos: Um projeto cuidadoso e caprichado garante o sucesso comercial e o bem estar dos moradores de uma residência. Além dos parâmetros básicos de todo projeto arquitetônico como aproveitamento do terreno, estética, circulação e aspectos estruturais a base do conforto é estabelecer medidas corretas para cada ambiente e cada detalhe.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pedreiros

Na minha vida já construí, comprei casas, reformei e pude conviver com este modelo de profissional. Vou expressar a minha opinião e declarar os nomes sem nenhum pudor, pois aqui é a pura expressão da verdade e sempre pensei que não podemos omitir os maus profissionais. Assim como devemos declarar os bons devemos também declarar os enganadores.
Dos 20 aos 22 anos construí minha primeira casa ainda quando morava em MG. Naquela época fazia faculdade e trabalha em outra cidade e assim só podia fiscalizar minha obra aos sábados depois da faculdade. Tive os seguintes pedreiros:

J.R. - contratado para fazer as fundações até o contrapiso preparado para a alvenaria.
Acertos: nenhum
Erros:
Erro 1: O projeto era o lastro do baldrame com 50cm e finalização com 30cm suficiente para as parede de tijolo inteiro que dariam 25cm. O di cujus fez todo o baldrame com 50cm. Ainda quis alegar que era mais "reforçado". Fiz as contas e mostrei-lhe o volume de concreto jogado fora.
Erro 2: Não fez a impermeabilização do baldrame. No futuro, depois da casa pronta, apareceu uma infiltração na parede do corredor em menos de um ano da casa pronta.
Erro 3: Quando iniciei a alvenaria descobri que o quarto e banheiro da suite estavam fora do esquadro. Tive de fazer malabarismo para acertar.

Bolão - contratado para fazer a alvenaria, cintas e colunas até o ponto de laje.
Acertos:
Acerto 1: Descobriu o quarto e banheiro em forma de losango deixado pelo pedreiro anterior.
Acerto 2: Terminou a casa de 24om2 em 22 dias. Muito rápido.
Acerto 3: As paredes ficaram com acabamento muito bom e no prumo muito certo que dariam reboco de 1cm de cima a baixo.
Erros: Não vi nenhum.

Desconhecido - não me lembro do nome - contratado para fazer a armação da laje e escoramentos.
Acertos:
Acerto 1: Tudo ficou conforme projeto
Erros que eu cometi:
Erro 1: Não me preocupei com o uso de impermeabilizantes. Deveria ter usado
Erro 2: Resolvi fazer a laje no sistema de mutirão. Convoquei um bando e servi aquele almoço de peão(pão com chapisco, mocotó, cachaça). Analisando a qualidade do serviço executado, economia gerada e incômodos gerados concluo que é mais inteligente usar o concreto usinado. O uso de concreto usinado garante os valores de Fck previstos no projeto, uniformidade e minimiza o risco de pessoas estranhas transitando na obra.
Bolão - contratado para fazer o reboco e colocar esquadrias.
Acertos:
Acerto 1: Terminou tudo dentro do prazo programado.
Acerto 2: Resolvi trocar o vitrô da suite por duas janelas em estilo igreja. Ao final do dia verifiquei que a nova esquadria já estava no lugar, os tijolos recolhidos separados por tijolo inteiro, meio tijolo e quarto de tijolo, entulho recolhido para reaproveitamento e tudo limpo e lavado.
Erros dele: Não vi nenhum.
Erros que eu cometi:
Erro 1: Não me preocupei com o uso de impermeabilizantes. Deveria ter usado impermeabilizantes nas áreas úmidas.
Erro 2: Comprei as esquadrias na Serrraria São José - Gino e pensando que todo mundo é honesto como eu, paguei e não recebi na data combinada. Levei um ano para receber todas as esquadrias e só consegui porque tomei uma atitude radical. Aprendizado: nunca pague adiantado. Sempre vincule a maior parte do pagamento com a entrega, aprovação dos produtos conforme o comprado.

Cosme - contratado para fazer a colocação de pisos, azulejos e tacos nos assoalhos.
Acertos:
Acerto 1: Executou o serviço com qualidade.
Erros dele: Demorou mais tempo que o programado.

Valter - contratado para fazer a colocação de pisos na área externa.
Acertos:
Acerto 1: Executou o serviço com qualidade e no prazo programado.
Erros dele: Não vi nenhum. Apesar dele ser deficiente auditivo não tive nenhum problema em me comunicar com ele. Provou-me que quando o profissional é bom e sabe trabalhar não importam as limitações e que as limitações físicas não impedem ninguém de trabalhar. Parabéns ao Valter. Tem pedreiro que mesmo escutando muito bem não sabe ouvir o que temos para explicar como o José Bispo que é surdo de ignorância.
Erros que eu cometi:
Erro 1: Por preço acabei colocando cacos de ardósia. O resultado final escureceu o ambiente e com certeza é um piso inadequado para uma casa com pessoas idosas e o risco de acidente por escorregamento é muito grande. Deveria ter pensado num piso anti-derrapante.

Em 2008 comprei uma casa em São Paulo após ter decidido voltar para esta cidade. Decidimos fazer uma reforma e novamente tive lidar com o profissional pedreiro. Eis de novo os percalços:
J.da C. B. - contratado para demolir a edícula do fundo, remover os horríveis revestimentos da cozinha, garagem, WC e corredores externos, fazer a escavação para troca da rede de esgoto, fazer alvenarias, reboco.
Erros dele:
Erro 1: Demorou mais tempo que o programado.
Erro 2: Reclamava sempre alegando que o serviço era pesado. Parecia um morto vivo. Se não dá conta por que diz que faz. Parou de reclamar depois que recomendei que ele arranjasse um serviço de piloto de prova de colírio. Assim ele ficaria parado só piscando os olhos. Acho que assim ele não se cansaria.
Erro 3: Mesmo depois de explicar, desenhar e mostrar ele ligou a tubulação de águas pluviais na rede de esgoto. No fim da tarde constatei o erro. Solução: mudar as conexões. Prejuízo? só para mim que gastei mais conexões e ficou uma gambiarra.
Erro 4: Mandei abrir a caixa de inspeção e adivinha? Ele havia furado a caixa do lado errado. Eu mostrei, expliquei e desenhei que a seta que havia na caixa da Tigre indicava o sentido da merda. Ele furou errado. Ele na maior cara de pau disse que se enganou e tapou o furo errado. Tapar? Fica uma porcaria, pois pode dar infiltração no terreno e eu sempre vou me lembra deste erro.
Erro 5: Quando o acéfalo foi mudar a parede do lavabo para fazer um jardim ele demoliu o lastro de concreto do baldrame. Chovia muito naqueles dias e houve recalque que provocou trinca nas paredes. Vai ser tapado assim lá na china comunista. Baldrame se reforça e nunca se fragiliza.
Erros que eu cometi:
Erro 1: Deveria ter feito o orçamento com um demolidor que compra material usado. Talvez tivesse sido mais barato e rápido.
Erro 2: Deveria ter previsto em contrato a multa por atraso da tarefa.
Erro 3: Deveria ter feito uma sociedade com ele: ele entrava com a bunda e eu com o pé.
Erro 4: Sem fiscalização e chicote essa raça de pedreiro não funciona.
Resumo da tragédia:
Como ele não demonstrava que sabia rebocar ele arranjou um pedreiro para rebocar paredes. Esse novo pedreiro começou bem e até acreditei que poderia ser melhor. Como o serviço do
J.da C. B.
não rendia resolvi mandá-lo passear. Ficaram 12 dias que ele me devia. Eu disse que ele deveria vir todo sábado e me pagar estes dias. E não é que o cara de pau perguntou se eu não poderia perdoar os dias? Disse-lhe que poderia, afinal eu não sou um duro de coração, mas teria uma condição: para cada dia devido eu daria um sopapo na fuça dele e que ele deveria aguentar firme. Não sei por que ele não aceitou. Será por quê? Ele pagou esses dias no padrão pedreiro: com choradeira

O. - o banguelo que tem a esposa açucarada - contratado para finalizar os rebocos, revestimento do WC da suite 1 , alvenaria da edícula, colocar piso na garagem.
Erros dele:
Erro 1: Depois de 3 meses a validade acabou e começou a enrolar.
Erro 2: Caimento da cozinha ficou para o lado errado.
Erro 3:
Caimento do lavabo ficou para o lado errado.
Erro 4:
Caimento do wc da suite 1 ficou para o lado errado.
Erro 5: Cerâmica da parede ficaram 4 peças com diferença de tonalidade.
Erro 6: Pastilhas de vidro ficaram uma merda.
Erro 7: Alinhamento da válvula de descarga ficou 4 cm fora do eixo
Erros que eu cometi:
Erro 1:
Erro 2: Deveria ter previsto em contrato a multa por atraso da tarefa.
Erro 3: Deveria ter feito uma sociedade com ele: ele entrava com a bunda e eu com o pé.
Erro 4: Sem fiscalização e chicote essa raça de pedreiro não funciona.

Linha do tempo - Dia 1

Dia 1 - 25/01/10 - Data fatídica

09h30min - Era meu primeiro dia de férias, após oito anos sem férias e planejando aproveitar o tempo para finalizar a reforma da casa que insistia em avacalhar meu cronograma.

Depois de tentar contato com o pedreiro, Sr Odair Banguelo, constatei o óbvio: pedreiro não cumpre palavra. Resolvi então eu mesmo fazer serviço de pedreiro para colocar o vidro na cobertura e assim evitar que as paredes ficassem ainda mais úmidas devido às chuvas.

Posicionei as escadas, subi até a laje dos novos banheiros, limpei e me posicionei para descer e buscar a massa para o contra-piso. Quando desci uns dois degraus tive um pressentimento que a escada não estava firme, subi novamente e posicionei novamente a escada. Pensei que estava firme. Desci novamente e só pude sentir meu corpo girar e esborrachei caindo de lado. Não senti dor, só suava frio. Resolvi virar e ficar com a coluna apoiada sem nem pensar em tentar levantar. Quando virei senti que algo estava deslocado no quadril. Pareceu que uma perna ia sair correndo na frente da outra, fez um estalo e literalmente a alma quase saiu do corpo. Acho que dor tem cor de luz piscando. Depois que a alma voltou apalpei meu pescoço, mexi os pés e conclui que pelo menos eu não estava aleijado. Meu pé esquerdo tinha virado uma jaca, sem fratura exposta, mas estava todo estropiado.

Lembro-me que os bombeiros chegaram muito rápido. Lembro de alguns nomes como Rogério, Valsur, Eduardo, mas eram mais. Pude presenciar, da pior forma como protagonista, o domínio da técnica que lhes permite imobilizar, remover e praticar primeiro atendimento com segurança. Até hoje é o único momento que sinto meus impostos serem devidamente empregados e com certeza se todo órgão público trabalhasse com a eficiência, eficácia, exatidão, rapidez e vontade dos bombeiros nós viveríamos num país onde os impostos seriam justificados e seríamos o povo mais feliz do planeta.

09h45min - No pronto socorro do hospital São Camilo dizem que me sedaram com algo tipo morfina e dizem que fiquei meio zureta e não parava de falar que precisava trabalhar. Na verdade precisava mesmo, não podia parar naquele momento tinha muita coisa para fazer, para terminar e nem me passava pela cabeça dar uma brecada tão radical. Lembro-me que o médico disse que era para eu me dar por satisfeito por estar vivo depois de um estrago como aquele. Mediam minha pressão periodicamente que oscilava muito, mas a pulsação estava estável e havia suspeita de hemorragia que é comum neste tipo de fratura.

Acho que o médico pensou que eu era pedreiro a julgar pelo que eu estava trajando.

10h30min – Fui para o raio X e mudar de maca foi um suplício. Havia diferença de altura entre as macas e quando movimentei o quadril de uma maca para outra percebia nitidamente que o osso se mexia. Confirmou-se o calcâneo quebrado e deslocado, o quadril com disjunção de sínfise púbica de 2,5cm.

14h30min – Fui para a ressonância e novamente a tortura de mudar de maca. Confirmaram que não havia hemorragia, mas descobriram mais uma fratura no osso sacro. Não tinha jeito tinha de operar o calcâneo. Internação com certeza.

Perdi a conta de quantas vezes tentaram pegar minha veia. Os braços ficaram todos furados e com hematomas.

16h00min - Colocaram um gesso no pé esquerdo para conter o inchaço. Acho que colocaram brasa dentro, pois queimava como fogo no calcanhar. Não suportava a queimação. Tive de pedir para afrouxar o gesso. Queria comer pão de queijo com café com leite, mas não me deram. Meu copo de leite das seis da manhã já tinha sido consumido.

19h00min – Fui para o quarto e tentei relaxar, mas era impossível.